A técnica de liberação miofascial é amplamente utilizada para tratar disfunções musculares e melhorar a mobilidade. No entanto, há um conceito equivocado de que a liberação miofascial precisa doer para ser eficaz. Vamos esclarecer essa questão com base na literatura especializada.
Finalidade da Liberação Miofascial
A liberação miofascial é uma técnica terapêutica que visa aliviar a tensão nos tecidos moles do corpo, especialmente na fáscia, que é o tecido conjuntivo que envolve os músculos. Essa técnica ajuda a melhorar a circulação sanguínea, aumentar a flexibilidade e reduzir a dor muscular (Frontiers).
Sensibilidade e terminações nervosas
A fáscia é rica em terminações nervosas e mecanorreceptores, o que a torna extremamente sensível. Quando manipulada, essa sensibilidade pode ser percebida como dor, especialmente se a pressão aplicada for excessiva. Estudos demonstram que a fáscia contém mais terminações nervosas sensoriais do que os próprios músculos, tornando-a altamente reativa a estímulos.
Por que a liberação errada causa dor
A dor durante a liberação miofascial ocorre quando a pressão excede o limite de sensibilidade individual. Cada pessoa tem um limiar de dor diferente, e uma pressão excessiva pode causar uma reação de defesa do corpo, onde os músculos se contraem involuntariamente. Essa contração, em vez de liberar a tensão, pode aumentar ainda mais a rigidez muscular.
Músculo em contração de reduzem os efeitos
Quando a manipulação causa dor intensa, os músculos tendem a se contrair. Essa contração muscular não favorece a liberação miofascial. Pelo contrário, impede que a fáscia e os músculos relaxem, tornando a técnica menos eficaz. De acordo com Travell, Simons & Simons, uma abordagem mais suave e controlada é mais eficaz para liberar a tensão miofascial sem causar contrações defensivas.
Evidências Científicas e Citações Literárias
De acordo com um estudo publicado no Journal of Bodywork and Movement Therapies, a aplicação de técnicas de liberação miofascial com pressão moderada e controlada resulta em melhores resultados terapêuticos e menos desconforto para o paciente (Frontiers). Travell e Simons, em seu livro “Myofascial Pain and Dysfunction: The Trigger Point Manual”, também enfatizam que a dor intensa durante a manipulação não é necessária e pode ser prejudicial para o tratamento eficaz (Physiopedia).
Experiência de um Paciente
Conversei com a Márcia F. Alencar 39 anos, empresária, atleta de corrida de rua que sofria de dores crônicas e acreditava que a liberação miofascial precisava doer para funcionar. Ela costumava buscar massoterapeutas e até fisioterapeutas que aplicassem técnicas dolorosas, pensando que isso garantiria melhores resultados. No entanto, após consultar um massoterapeuta especialista que aplicou a técnica de forma suave, Márcia descobriu que a liberação miofascial sem dor é infinitamente mais eficaz. Ela experimentou uma redução significativa da dor e uma melhora na mobilidade. Segundo Márcia, “A terapia foi transformadora. Eu não sabia que poderia sentir tanto alívio sem sofrer durante o tratamento, se soubesse antes teria evitado tanto sofrimento”.
Em resumo, a liberação miofascial não precisa doer para ser eficaz. Pelo contrário, causar dor pode ser prejudicial, levando a uma maior contração muscular e reduzindo os benefícios da técnica. Uma abordagem cuidadosa e sensível, que respeita o limiar de dor individual, é fundamental para alcançar os melhores resultados terapêuticos. Portanto, é importante desmistificar a ideia de que “sem dor não há ganho” na prática da liberação miofascial.
Referências:
- Travell, J.G., Simons, D.G., & Simons, L.S. (1999). Myofascial Pain and Dysfunction: The Trigger Point Manual. Lippincott Williams & Wilkins.
- Journal of Bodywork and Movement Therapies (Frontiers)
- Physiopedia: Myofascial Release (Physiopedia)
- University of British Columbia: Clinical Practice Guidelines for Mobility with DVT (UBC Physical Therapy)